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A generosidade e a prosperidade das famílias na cidade

A generosidade e a prosperidade das famílias na cidade
Marcelo Souza
set. 17 - 16 min de leitura
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A generosidade não é apenas uma condição para aqueles que tem recursos materiais, mas é o resultado de um coração quebrantado diante de Deus. Um coração generoso é a força motriz da economia do Reino de Deus. Porém, o homem que pensa apenas em si pode ser comparado ao Mar Morto, o qual apesar de possuir recursos acumulados, permanece incapaz de promover um ambiente que favorece a vida. Por não saber receber, se automortifica ao reter para si o que recebe de maneira generosa. O princípio do receber se completa no estender ao outro a dádiva recebida, o que chamamos de processo de continuidade na economia do Reino.

"O recebimento é um processo que não deve ser represado. Receber não é o fim de um processo, mas o início de outro sem o qual não há verdadeiro recebimento. - Nilton Bonder”

Portanto, o receber não é um processo que tem como fim nós mesmos, mas é o meio pelo qual tudo que recebemos de Deus se torna extensivo ao outro. É na maneira que recebemos que revela a nossa visão a respeito do El-Roi, o Deus que vê e por isso provê aquilo que é necessário. E isto envolve não apenas a questão do dinheiro, mas a vida de maneira integral.

Diferente do Mar Morto, o Mar da Galiléia é um ambiente de recursos abundantes e de vida. Ao receber águas das montanhas de Golan se torna um meio condutor para que as águas que recebe fluam de si para o Rio Jordão. A vida no Mar da Galiléia não é apenas um resultado dos recursos que possui, mas da medida de auto-doação. O medo do não ter faz com que o homem acumule para si o que imagina que um dia poderá faltar. Mas os renascidos da água e do Espírito, que participam da realidade do Reino de Deus, sabem que como co-herdeiros de Cristo, Nele sempre tem acesso a tudo o que pertence ao Pai. Por isso precisamos refletir nestes dias sobre o quanto de fato, de todas as boas coisas que o Senhor tem nos concedido neste tempo, temos estendido ao outro?

 

 

O EGOISMO É FRUTO DE UM CORAÇÃO ORGULHOSO E DE UM ESPÍRITO ALTIVO

Percebemos na história de Israel, que a medida que Deus os prosperava economicamente, o povo se afastava Dele. Isto mostra um ponto fundamental que precisa examinado em nosso coração enquanto buscamos o crescimento dos nossos negócios.

“Eu cuidei de vocês no deserto, naquela terra de calor ardente. Quando eu os alimentava, ficavam satisfeitos; quando ficavam satisfeitos, se orgulhavam, e então me esqueciam. - Os 13.5-6.

Deus não condenou a prosperidade das famílias de Israel e nem o fato deles se beneficiarem do favor de Deus, mas no fato do orgulho que se manifestou na medida que tinham tudo o que precisavam. O Rabino Jonathan Sacks comenta que constantemente Deus viu Israel esquecer o passado, desprezar o pacto, e adorar deuses estranhos, mas que ao mesmo tempo, a história de Israel é uma história de amor entre o Deus fiel e Seu povo com frequência infiel.

O orgulho nada mais é do que uma postura de auto-suficiência, ou seja, a tendência de confiarmos mais em nós mesmos do que em Deus. De atribuirmos as nossas capacidades o resultado que alcançamos. Este foi o grande mal de Sodoma e Gomorra, cidades que não foram condenadas primariamente pelas relações sexuais promíscuas, mas principalmente pelo seu orgulho e altivez, pois tiveram fartura de pão e prosperidade, mas nunca ampararam os pobres e os necessitados (Ez 16.49). A promiscuidade fruto da abundância teve como raiz e catalisador a falta de compromisso com o outro.

Se tornaram como o Mar Morto, tinham tudo e por corromperem a finalidade da prosperidade econômica se tornaram lascivos, promíscuos, usurpadores. Acreditavam que o que tinham era um resultado de suas capacidades e logo, um direito permanente de usar o recurso como bem desejassem. Vemos isto também no episódio do homem que se achando sábio, foi julgado como louco ao afirmar que por estar com os celeiros abarrotados, poderia enfim satisfazer os desejos sua alma. (Lc 12.19-20).

Orgulho e altivez caminham de mãos dadas, e são uma grande fortaleza de rebelião contra Deus, pois são mecanismos pelos quais o homem se julga como aquele que é mais elevado do que o outro e do que o próprio Deus.

 

O REINO DE DEUS PROMOVE REDENÇÃO DA ECONOMIA NAS CIDADES

Laodicéia é um grande exemplo de como a economia do Reino de Deus não se resume ao entendimento secular sobre economia. Jesus afirma que aqueles que se achavam ricos e prósperos por não terem falta de nada, eram na verdade miseráveis e pobres (Ap 3.17). Já em Atos 4.32-37, vemos como o Espírito estava modelando a vida dos primeiros convertidos, pois a maneira que responderam a realidade que os afetava se descrevia em como tudo o que estava restrito ao uso pessoal se tornou acessível ao outro. Não podemos confundir isso com uma ideologia econômica ou social, mas precisamos considerar isto como uma realidade espiritual. A questão não era um rico entregando seus recursos para os pobres, mas todos compartilhando de tudo o que possuíam. Aquele que recebia não se apropriava para si, mas também compartilhava.

Vale ressaltar que durante vários momentos Paulo ensinou as comunidades cristãs que a generosidade não era opcional, mas uma evidência de conversão e sujeição ao senhorio de Cristo. Mas como a Economia do Reino também está firmada sobre a justiça, até as viúvas que eram atendidas pelas comunidades cristãs deveriam aprender o princípio do receber.

É preciso compreender o contexto histórico que os primeiros discípulos estavam inseridos. Naqueles dias os pobres não estavam nesta condição por negligenciarem o trabalho, mas porque Jerusalém estava sofrendo duras sanções econômicas impostas por Roma. E tudo isto se agravava com a conivência dos sacerdotes, saduceus e fariseus que se beneficiavam economicamente devido aos seus acordos escusos com Roma. A carga tributária imposta impedia o crescimento econômico de Jerusalém, e o pouco que as famílias conseguiam produzir era consumido pelo gafanhoto do estado de Roma e pela religiosidade opressora daqueles que detinham o conhecimento das leis de Moisés. Mas o que aquela comunidade primitiva de discípulos compreendeu é que tudo o que tinham era um resultado da Providência Divina.

"Divina Providência é o movimento constante de amor do Pai que provê a nós, Seus filhos, todo o necessário para nossa vida e nossa santificação (…) Desde a Criação, somos chamados a fazer parte da bela dinâmica de amor da Providência do Pai como Seus beneficiários e enquanto seus colaboradores.” Emmir Nogueira

Este processo de remissão da economia não era fruto de uma política economica, mas de uma mudança do paradigma no interior daqueles novos convertidos. Stephen McDowell afirma que a economia de um individuo, família ou nação passam pelo mesmo crivo, a escolha. Nossas escolhas determinam nossa economia. Quando o evangelho afeta o interior do homem, ele muda os seus parâmetros de decisão. Por isso, aqueles irmãos que antes eram consumidores de bens e serviços e que necessitavam ser alcançados pela providência de Deus, se tornaram colaboradores da maneira de Deus prover a todos os seus filhos. Portanto, a energia que movimenta a economia de uma localidade não é apenas a produtividade, mas a generosidade de corações que são governados pelo Cristo.

 

A PREGAÇÃO DO EVANGELHO NÃO É UM FIM EM SI MESMA, MAS UM MEIO DE ACESSO A REALIDADE DO REINO.

É lindo ver o que a vida da Igreja promoveu na sociedade daquela época a partir do momento em que pessoas começaram a receber a palavra do reino em seu interior. Em contato com a realidade do reino, elas começaram a responder a legislação do Reino comunicado por Jesus no Sermão da Montanha. Tudo o que aqueles irmãos começaram a experimentar era a prática da justiça como evidência do pertencimento ao Reino.

Por isso, este movimento em Atos não era uma bolha socialista, mas um ambiente espiritual onde o fluxo da vida se estendia a todos. Paulo condenou aqueles que não trabalhavam a não comer mais da mesa, porque isto demonstrava a falta de compromisso com o outro, e uma total corrupção do princípio espiritual da mesa (1Ts 4; 2Ts 3). Só se pode colher e se beneficiar da colheita aquele que planta (2Tm 2.6; Sl 128.2; 1Co 3.8), mas mesmo o que planta precisava permitir que os menos desprovidos se beneficiem de uma parte do que caia no chão durante o processo manual da colheita (Lv 23.22).

Veja que principio interessante, os grãos não eram entregues nas mãos dos pobres, mas estavam disponíveis para que eles mesmo ajuntassem. Wayne Grudem afirma que a maneira de evitar o paternalismo é não fazer pelas pessoas algo que elas mesmas podem fazer, porque no trabalho se encontra a dignidade do homem. Era exatamente isto que o Espirito estava promovendo na vida daqueles irmãos, um entendimento pratico a respeito do Senhorio de Cristo e da parceria que Ele estava propondo a cada um daqueles que Ele não se envergonha de chamar de irmãos (Hb 2.11)

Precisamos considerar que o trabalho é mandamento e envolve uma expressão da nossa relação com Deus. Nesta parceria relacional experimentamos a realidade da Providência Divina. O resultado do esforço do plantio é uma boa colheita. Mas a boa colheita só é viabilizada pelo Senhor que promove o crescimento. Mas se não há plantio, como haverá crescimento? Nossa responsabilidade é plantar, e o compromisso de Deus é enviar a chuva na estação correta. A chuva não estava condicionada ao plantio, mas a maneira como as pessoas correspondiam a vontade Deus, por isso, muitas vezes ele reteve a chuva, o que gerou um colapso econômico em Israel (1Rs 18) mesmo em meio a um trabalho árduo de plantio.

Por isso, devemos trabalhar não tendo como fim o comer, beber, ou vestir, mas uma expressão de devoção aos Deus Pai que trabalha desde o princípio, uma maneira de promover justiça nos lugares que estão sendo afligidos pela falta de entendimento das pessoas a respeito do trabalho como fator de devoção a Deus.

Cada indivíduo tem seu próprio cultivo e sua própria capacidade de trazer, ou não, da colheita para o mundo da troca. É este esforço e esta variedade de capacidades de resgatar os frutos do pomar que permitem existir no mundo o princípio da mesa posta! - Nilton Bonder

Trabalhar na perspectiva de compartilhar a realidade da mesa ao outro é mais do que um simples ato de generosidade, é uma vida de testemunho do Senhorio de Cristo. Somente a partir do principio da Soberania e Senhorio é que entendemos o principio da Economia do Reino de Deus, pois ela não é socialista e nem capitalista, mas divinamente colaborativa.

 

A GENEROSIDADE NÃO É UMA QUESTÃO SOCIAL, MAS É UMA EXPRESSÃO DE UMA REALIDADE ESPIRITUAL

Precisamos considerar que pregar é mais fácil do que discipular, como afirmar David Hamilton, pois a pregação é urgente e unigeracional, mas ensinar nações significa ser estratégico e multigeracional. Por isso acreditamos que conduzir negócios numa perspectiva sacerdotal é atuar estrategicamente, não apenas visando promover um ambiente de proclamação de salvação, mas de ensino sobre a vontade de Deus no cotidiano da vida, porque esta a vida eterna consiste em conhecermos a Deus a partir da relação com o Filho. Este é o grande cerne do Evangelho.

A questão então a respeito da pobreza de famílias em uma cidade, não envolve apenas a renda dos indivíduos ou o volume de produtos e serviços gerados na cidade, mas é uma questão espiritual. A prosperidade das famílias é um resultado de como cada uma responde a natureza colaborativa de Deus visando a promoção da Sua justiça econômica, que envolve, em sua forma primária, a maneira como respondemos ao Senhorio de Cristo e por consequência, como expressamos a verdade do Senhorio na maneira que trabalhamos e administramos recursos.

Empreender nesta perspectiva cristã é mais do que ser um movimento evangélico institucional e proselitista, mas se baseia na natureza da Igreja como família de Deus que se estende para abençoar todas as famílias da terra, comunicando a verdade em amor, ensinando-as a guardar todas as coisas e sujeitando tudo a Deus.

Mas isto só será possível, quando abandonarmos os sofismas do ópio paternalista do socialismo e a ilusão capitalista do materialismo, para abraçarmos de fato, a economia do Reino de Deus, que envolve a realidade do ser família de Deus. É nesta realidade que experimentamos a maneira com que o Deus Pai concede uma posição de filhos a todos os que foram justificados por Cristo. É nesta relação pactual que Ele provê uma mesa para que sejamos alimentados pela realidade do Cristo que é o Cordeiro Sacrificial, o Pão que desceu do Céu e a Água da Vida que sustenta todas as coisas. é neste ambiente paterno que o Pai proporciona um ambiente seguro para que seus filhos possam ser plenos e assim possam se alegrar com tudo o que pertence a Ele.

 

 

CONCLUSÃO

Como se vê, o abandono à Divina Providência e a adoção sincera e profunda da dinâmica da Economia do Reino não se restringe, de nenhuma forma, ao dinheiro. Pelo contrário, abrange todo nosso relacionamento com Deus como nosso Pai. Se não considero o Pai capaz de cuidar de mim no básico, como o considerarei capaz de cuidar de mim em todo o resto? - Nilton Bonder

Portanto, a prosperidade das famílias na cidade sempre será um resultado da maneira com que tais famílias correspondem a Deus. Famílias aprenderão o que é a prosperidade bíblica na cidade, na medida em que a Igreja, como família de Deus, compartilha das virtudes de Deus com todos aqueles que estão a sua volta. Por isso o empreender não existe e nunca existiu para nos tornar ricos ou tornar a igreja rica, mas para que os filhos possam entesourar para todos na medida que compartilham da mesma realidade com que foram agraciados pela Providencia Divina.

A maneira que empreendemos é um resultado de nossa perspectiva sobre o trabalho. E nossa perspectiva do trabalho é um resultado da nossa relação com o Deus que é divinamente provedor, por isso, aprender a receber é sem dúvida um resultado de como compreendemos a generosidade e a justiça de Deus. O meio pelo qual a Igreja apresentará ao mundo a sabedoria de Deus como resposta ao maior dilema das nações na atualidade.


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Marcelo Souza

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