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Antes de Executar, Pare para Pensar - Parte 1

Antes de Executar, Pare para Pensar - Parte 1
Marcelo Souza
nov. 18 - 7 min de leitura
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O pensar sempre deve preceder o executar. Mas em meio a uma sociedade imediatista a maioria de nossas ações acontecem por impulsividade e não como fruto de uma reflexão. É importante pontuar também que em dias em que empreendedores estão cada vez mais em busca de biografias de homens que estão evidência nos negócios, nós como cristãos precisamos nos voltar para referenciais de valor. E sem dúvidas, o maior referencial na história da humanidade sobre empreendedorismo é o próprio Deus, pois Ele empreende ações nos céus e na terra de maneira intencionalmente proposital, integralmente relacional, progressivamente escalável e colaborativamente sustentável desde o princípio. Tudo o que ele faz é uma extensão de quem Ele é, por isso, tentar empreender em nome do Reino de Deus sem conhecer de fato quem é o Deus do Reino é no mínimo um ato de tolice da nossa parte.

O cultivo da terra para uma mente humanista envolve produtividade. Por isso, a cada dia centenas de materiais são produzidos com expressões como "o segredo para", "passos para", "chaves para", pois para o humanista o que importa é a performance medida pelo quanto se produz. Mas para os renascidos em Cristo, o empreender não é constituído apenas de atos pragmáticos de métodos de gestão, marketing, vendas entre outros, mas é uma expressão viva da relação entre Deus e o homem, e como esta relação modela a maneira do homem se relacionar com a terra. Por isso empreender na prerrogativa do Reino de Deus é mais do que estabelecer um negócio, envolve cultivar a terra a partir de uma natureza espiritual, de um chamado vocacional e de uma perspectiva escatológica. Para discípulos o aspecto central da produtividade não é a quantidade produzida, mas sim qual é seu aspecto qualitativo, que envolve posição (a partir de qual relação se está empreendendo), legitimidade (qual a natureza de quem está empreendendo), autoridade (em nome de quem se está empreendendo) e finalidade (para quem se está empreendendo).

 

GENESIS E AS LIÇÕES DE EMPREENDEDORISMO

Nas primeiras palavras de Genesis encontramos chaves importantes para nós que almejamos empreender negócios como testemunho do reino de Deus. No primeiro versículo de Genesis não encontramos apenas uma descrição do que Deus fez, mas a afirmação de quem Deus é, bem como, sobre o modelo empregado por Ele na criação.

A expressão Bereshit, traduzida por Gênesis, “no princípio”, não deve ser entendida apenas como um ponto de inicio na história ou um começo da criação, mas deve ser analisado como sendo um lugar de origem. Isto é corroborado pelo apóstolo João quando afirma que Jesus é o Logos, o Verbo, a Palavra, ou seja, a causa ativa de tudo o que existe, de onde tudo veio a existir. 

No princípio, aquele que é a Palavra já existia. A Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus. Ele existia no princípio com Deus. Por meio dele Deus criou todas as coisas, e sem ele nada foi criado. Aquele que é a Palavra possuía a vida, e sua vida trouxe luz a todos. - Jo 1.1-4

Isto nos revela que o ponto central da narrativa empreendedora da criação não era inicialmente falar sobre a criação para se apontar Deus nela, mas revelar Deus e sua relação perfeita com seu Filho para apontar o que Ele estava promovendo e manifestando na eternidade. Ele não criou todas as coisas porque precisava de algo, mas por ser o Grande Eu Sou, criou todas as coisas para compartilhar de Si Mesmo com tudo o que criou, manifestando a essência de seu amor pactual. A criação portanto, não era apenas resultado de um Deus poderoso, mas a expressão de um Deus que é amor e que criou tudo para amar. Por isso, seu amor poderoso para dar forma é a fonte de toda sustentabilidade, e o poder que mantem todo o ambiente  criado integralmente unido, proporcionando assim, a expansão da vida através de fundamentos relacionais eternamente indivisíveis. 

 

CONHECER A VERDADE PARA ORDENAR A VIDA E REALINHAR OS NEGÓCIOS 

Neste primeiro artigo da série, gostaria de destacar este principio fundamental da ação empreendedora de Deus. Em inúmeros encontros de empreendedores, nas centenas de horas de mentoria com empresários de várias regiões, após dezenas de treinamentos e workshops, tenho me deparado com inúmeros irmãos que possuem um desejo legítimo de empreender para a glória de Deus mas que ainda estão desenvolvendo projetos de negócios com uma mente secularizada e antibíblica

Mas como isto acontece? Gostaria de estabelecer um parâmetro de análise de nossos negócios a partir desta breve reflexão introdutória sobre Bereshit. Se todo ato criativo de Deus é fruto do seu amor pactual, o que estamos fazendo tem esta mesma origem? A maioria dos irmãos que estão empreendendo seus negócios estão em busca de uma solução para a escassez econômica, seja ela de mercado ou pessoal. Está é a mentalidade convencional de negócios na terra, que tem raízes na mentalidade do Adão caído, que busca sua própria sobrevivência ou a sobrevivência dos seus entes queridos.

Mas o Filho de Deus empreende porque ama ao Pai e não pela necessidade oriunda da escassez. Como somente no amor experimentamos a sustentabilidade abundante, empreender a partir deste amor é expor a intenção do nosso íntimo ao crivo da verdade de Deus. Tudo o que Caim produziu era por causa da escassez, não apenas de recurso, mas da falta de relação com Deus. Precisamos urgentemente romper com o falso discurso de empreender para a glória de Deus movidos intimamente pelo medo da escassez, porque agindo assim, corremos o sério risco de abraçar o mesmo destino de Caim.

Empreender na prerrogativa do amor é confrontar a mente secularmente humanista que possui uma linguagem cristianizada mas sem as evidencias do poder do evangelho. Porque este poder somente é encontrado na pessoa do Cristo, que é a Palavra de Deus, o Evangelho Vivo e no qual todas as coisas vieram a existir. Isto nos leva à repensar o fundamento sobre o qual estamos empreendendo, nos conduzindo no processo de pensar sobre nossa motivação mais íntima, nos ajudando assim, a reavaliar quem estamos apontando de fato por meio daquilo que estamos desenvolvendo através de nossos negócios.

No próximo artigo estaremos explorando este tema com mais profundidade, por ora, gostaria de convida-lo a juntos descalçarmos nossos pés de um modelo empreendedor secularmente cristianizado, para nos abrirmos para a experiência da mentalidade empreendedora do reino de Deus por meio do cabeça que é o Cristo. Tudo isto para que possamos remover o hiato entre o que o Espírito de Deus está despertando em nós neste tempo e como temos nos movimentado através dos negócios nestes dias. Precisamos sem dúvidas, convergir nosso coração e mente ao Cristo, nos sujeitando a vontade Dele, para que o desejo legítimo de empreendermos para a glória de Deus se torne em atos legítimos de expressão do amor de Deus manifesto em nós. 

Vamos juntos?


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